A primeira grande onda de calor na Europa, que estabeleceu recordes de temperatura em diversos países, provocou a evacuação de mais de mil moradores em Creta nesta quinta-feira (3). Incêndios florestais e em olivais são combatidos por centenas de bombeiros na ilha mais populosa da Grécia. Ventos de até 100 km/h prejudicam os trabalhos.
O fogo chegou também a Pikermi, no subúrbio de Atenas. Uma espessa fumaça preta encobre a região, próximo ao aeroporto internacional da capital ateniense.
A canícula antecipada, que preocupa especialistas por trazer os termômetros para a faixa dos 40°C em vários pontos do continente, provocou grandes incêndios também em Espanha, França, Turquia e Alemanha. Uma dezena de mortes relacionadas à onda de calor são investigadas. Na Catalunha, duas pessoas foram engolfadas pelo fogo, que se alastrou rapidamente por 500 hectares na região de Lérida no começo da semana.
Incêndios irromperam também no leste da Alemanha durante toda a quarta (2), com centenas de pessoas afetadas. Na Turíngia, uma floresta em Saalfelder Höhe perdeu cerca de 250 hectares, a maior destruição do tipo em 30 anos.
Ventos e tempestades amenizaram o clima em boa parte do território alemão nesta quinta (2), com a temperatura chegando a 25°C em Berlim. Um dia antes, os termômetros alcançaram 38°C na capital, marca excepcional para um início de verão.
Além das evacuações de moradores, o fogo em Creta afugentou cerca de 5.000 turistas, segundo comerciantes locais ouvidos pela agência Reuters. Incêndios na Grécia e em outros países do Mediterrâneo são ocorrências naturais, mas a frequência dos eventos tem se intensificado nos últimos anos.
Especialistas creditam o fenômeno às mudanças climáticas, provocadas sobretudo pela queima de combustíveis fósseis. Há um domo de calor na Europa neste momento, que aprisiona uma grande massa de ar quente vinda da África.
Em um ciclo natural, a energia do sol se refletiria na superfície da Terra e seria absorvida pelas nuvens. O sistema de alta pressão, porém, impede a formação de nuvens, a dissipação do calor e o resfriamento do solo no período noturno. Várias cidades do continente estão convivendo com temperaturas bem acima de 20°C à noite, algumas inclusive flertando com os 30°C.
Também o Mediterrâneo está com sua temperatura superficial elevada, o que piora o problema. Oceanos são responsáveis por compensar cerca de 90% do aquecimento provocado pela atividade humana.
Alertas de calor continuam em vigor na França e na Itália, onde 18 cidades de grande porte estão em estado de emergência e com termômetros alcançando os 38°C.
Na Suíça, a usina nuclear de Beznau, que havia sido parcialmente desligada na quarta (2), interrompeu a produção de energia também em seu segundo reator. A refrigeração do sistema usa as águas de um rio da região, e o calor em excesso afetaria fauna e flora locais.
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