A jornalista Arminda Augusto, gerente de Projetos e Relações Institucionais do Grupo Tribuna, de Santos, publicou um vídeo em suas redes sociais para alertar sobre uma tentativa de golpe por telefone, na qual o estelionatário se passa por investigador da Polícia Civil de Bauru. O criminoso fornece todos os dados da vítima — como nome completo, CPF, endereço residencial e local de trabalho — para fazer com que a pessoa do outro lado da linha acredite tratar-se de uma investigação real.
O objetivo, no entanto, é levar a conversa para uma chamada de vídeo, na qual a intenção é capturar a biometria facial e usá-la para cometer fraudes bancárias, explica ela.
“Eu, que me considero uma pessoa esclarecida, quase caí nesse golpe. Se eu desse ali o ‘ok’ para ligação de vídeo, pronto, um abraço”, afirmou Arminda. No vídeo, a jornalista detalha a estratégia do golpista.
Crime
De acordo com Arminda, ela trabalhava quando recebeu a ligação com DDD 14, área onde o filho mora. Por essa razão, decidiu atender, o que normalmente não faz com números desconhecidos.
“Era um policial que se identificou como José Machado de Almeida, da Seccional da Polícia Civil de Bauru. Ele me deu o número da matrícula, forneceu meu nome completo e todos os meus documentos. Tudo batia certinho, inclusive meus endereços. Disse também que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo está apoiando uma operação da Polícia Federal em Brasília, para elucidar um caso que aconteceu em março, com a prisão de Marcos Paulo Ocada”, relatou.
Segundo o golpista, Marcos Paulo foi preso com mais de 300 cartões de crédito de diferentes pessoas, e o nome da jornalista estaria entre as vítimas. Ele afirmou que precisaria colher seu depoimento para verificar até onde ela havia sido prejudicada.
“Eu falei que não havia acontecido nada, não tive nenhum saque. Ele insistiu: ‘Mas a gente precisa cumprir esse protocolo’. A partir daí, já comecei a achar estranho. Ele disse que eu precisaria ir até Bauru para prestar depoimento. Como falei que não dava para sair de Santos, ele disse que poderíamos fazer por chamada de vídeo. Ele fez a ligação, mas eu recusei e bloqueei o contato”, contou.
Arminda ligou para a Delegacia Seccional de Polícia Civil de Bauru, onde foi informada que diversas pessoas têm relatado esse golpe ou tentativas de aplicá-lo nos últimos seis meses. A polícia confirmou que a quadrilha está agindo em várias cidades do Estado de São Paulo.
“As quadrilhas estão cada vez mais requintadas. Eles têm todos os nossos dados porque compramos online, vamos a lojas e acabamos fornecendo essas informações. Acho que não tem LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que dê conta da sofisticação dos criminosos. Fiquem atentos a essa modalidade”, finalizou em vídeo.
Alerta
A delegada Priscila Bianchini Alferes, da Delegacia Seccional de Bauru, confirmou que os estelionatários têm utilizado o número de telefone da própria Seccional de Bauru para enganar cidadãos. Inclusive, um inquérito policial foi instaurado para investigar o crime. Ela reforça que é fundamental que todos saibam se proteger. Para tanto, faz várias observações:
1- A Polícia Civil não realiza chamadas de vídeo por WhatsApp - Se você receber uma solicitação desse tipo em nome da Polícia, desligue imediatamente.
2- Em algumas circunstâncias, as unidades policiais podem, sim, encaminhar intimações por WhatsApp. No entanto, essas mensagens sempre conterão:
• O endereço completo da unidade policial;
• O telefone para contato;
• O nome do delegado de polícia responsável;
• O número do procedimento correspondente.
3 - As vítimas podem, e devem, entrar em contato diretamente com a unidade policial por meio do telefone oficial para confirmar a veracidade das informações.
4 - A Polícia nunca solicitará transferências ou pagamentos por telefone.
5 - A Polícia Civil não solicita PIX, transferências bancárias ou qualquer outra operação financeira por meio de ligações ou mensagens. Se alguém fizer esse tipo de pedido se passando pela Polícia, desconfie imediatamente e encerre a comunicação.
6 - Cuidado com solicitações de fotos segurando documentos - A Polícia Civil também não solicita fotos da identidade ao lado do rosto. Esse tipo de pedido costuma ser utilizado por golpistas para abrir contas bancárias fraudulentas em nome das vítimas.
7 - O que fazer ao receber esse tipo de ligação ou mensagem? Desligue o telefone imediatamente; entre em contato direto com a Polícia Civil por um dos números oficiais da unidade para confirmar qualquer solicitação.
8 - Não repasse informações pessoais, especialmente dados bancários ou documentos.
9 - A Polícia Civil está à disposição da população e solicita que qualquer tentativa de golpe seja comunicada para que as autoridades possam investigar e combater esse tipo de crime.
10 – Compartilhe essas informações com os familiares e amigos.
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