Uma brasileira protagoniza uma disputa judicial incomum no coração da Igreja Católica. Irmã Aline Ghammachi, que se destacou como a abadessa mais jovem da Itália aos 34 anos, foi afastada do comando de quatro mosteiros e hoje luta para provar sua inocência em meio a acusações que envolvem disputas internas, supostos abusos de poder e perseguições veladas.
Da liderança à controvérsia
Natural do Brasil, irmã Aline ganhou destaque em 2018 ao assumir uma posição de alto prestígio dentro da estrutura monástica italiana. Seu perfil — jovem, carismática e considerada bonita — teria despertado desconforto entre figuras da hierarquia eclesiástica. Internamente, esse aspecto foi apontado por ela como um dos motivos para críticas e resistência dentro da instituição.
A tensão se intensificou no início de 2023, após a chegada de uma denúncia anônima ao Vaticano. O documento desencadeou uma série de inspeções no mosteiro de Vittorio Veneto, onde a religiosa vivia com outras 18 freiras em regime de clausura. Embora nenhuma das acusações tenha sido formalmente comprovada, a ex-abadessa foi afastada de suas funções.
Acusações contestadas
Entre os pontos levantados no processo interno, estavam supostos maus-tratos e irregularidades financeiras. No entanto, uma auditoria independente ordenada pelo próprio abade geral não identificou problemas nas contas dos mosteiros. Segundo a ex-abadessa, sua gestão era pautada na busca por autonomia econômica, incluindo a venda de uvas da propriedade para a produção de espumante italiano — prática comum em diversas ordens religiosas.
A freira afirma ainda que o episódio teve motivação pessoal e institucional. Imagens, mensagens e registros teriam sido reunidos por ela para sustentar a tese de difamação e perseguição, além de conter indícios de condutas indevidas de outras religiosas envolvidas na denúncia.
Reações e fuga da clausura
Em abril deste ano, pouco após a morte do Papa Francisco, irmã Aline deixou o mosteiro. No dia seguinte, cinco outras religiosas abandonaram a clausura para segui-la. Elas alegam que estavam sendo tratadas como criminosas e vigiadas sob regime de forte repressão.
Atualmente, as freiras questionam no Tribunal Eclesiástico e na Justiça penal italiana a validade das decisões tomadas contra elas. O processo inclui denúncias de calúnia, difamação e, no caso de irmã Aline, também a intenção de processar o abade geral por assédio sexual e moral.
Enquanto a disputa se desenrola nos bastidores do Vaticano e dos tribunais italianos, a religiosa afirma que sua fé e sua busca por justiça seguem inabaláveis.
Comentários: