Uma operação conjunta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e agências estaduais e municipais interditou, na última semana, três clínicas de estética, duas em Teresina (PI) e uma em Manaus (AM). A força-tarefa, realizada no Distrito Federal e nos estados do Amazonas, Ceará, Piauí e São Paulo, inspecionou 38 serviços, dos quais 35 apresentaram irregularidades sanitárias em seus processos de trabalho ou quanto aos produtos usados.
Entre os problemas, foram encontrados produtos sem registro ou vencidos, produtos injetáveis comercializados irregularmente como cosméticos, medicamentos manipulados por farmácias em grande escala ou em nome de funcionários das clínicas para simular pacientes. Também foram encontrados materiais de uso único sendo reutilizados, o que pode aumentar riscos de infecção e transmissão de doenças.
A interdição total ocorre quando são encontradas irregularidades graves, que não podem ser sanadas em curto prazo ou de maneira simples. Outros cinco estabelecimentos sofreram interdições parciais, ou seja, alguns ambientes e serviços não poderão funcionar até a correção das irregularidades.
Nos que são encontrados irregularidades, há a abertura de processo administrativo sanitário de apuração e aplicação de penalidades. A Anvisa não revelou os nomes dos estabelecimentos, com a justificativa de que o processo legal prevê o direito de defesa das empresas autuadas.
Segundo a agência, nas clínicas de Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Teresina (PI) foram detectados problemas como a falta de protocolos para a segurança do paciente e falhas na limpeza e esterilização de equipamentos. As equipes encontraram ainda diversos produtos sem registro sanitário no Brasil. Além disso, produtos com prazo de validade vencido em estoque ou armazenados de forma inadequada.
Conforme a agência, um problema frequente foi a constatação de medicamentos e produtos abertos ou diluídos sendo armazenados em geladeiras destinadas aos funcionários, compartilhando espaço com alimentos e até mesmo com bebidas alcoólicas.
Os estabelecimentos foram selecionados em razão de denúncias recebidas pelos usuários e em decorrência de suspeitas levantadas a partir de provas materiais apreendidas durante a primeira fase da operação, que ocorreu em fevereiro deste ano nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Ao todo, nesta fase, foram inspecionadas oito clínicas em Fortaleza (CE), dez em Manaus (AM) e 20 estabelecimentos em Teresina (PI). Três foram interditadas por não apresentarem condições sanitárias mínimas para funcionamento.
Lá as equipes apreenderam 5.000 ampolas manipuladas. A distribuidora adquiria os produtos de farmácias de manipulação, usando prescrições feitas em nome dos funcionários.
Já as interdições parciais ocorreram em dois estabelecimentos de Manaus, um de Teresina e em outras duas clínicas de Fortaleza. Uma delas oferecia o serviço de plasmaférese, um tipo de terapia hemoterápica na qual o sangue do paciente é coletado, processado por meio de um equipamento automatizado que separa seus componentes e posteriormente reintroduzido no próprio indivíduo.
Ainda em Fortaleza, outra clínica tinha em sua estrutura um consultório odontológico funcionando sem autoclave (aparelho que utiliza vapor de água sob pressão para esterilizar instrumentos usados em procedimentos).
Farmácias de manipulação e distribuidoras
Nas cidades de Barueri e Santana do Parnaíba, em São Paulo, foram inspecionadas duas farmácias de manipulação de produtos estéreis.
Em uma farmácia de manipulação em Santana do Parnaíba, foi constatada a utilização de insumo ativo sem comprovação de segurança e eficácia no Brasil, e que estava sendo usado para produzir injetáveis. Os produtos foram interditados.
Durante a ação, foram inspecionadas ainda oito distribuidoras de produtos médicos e cosméticos, das quais uma em Teresina (PI), três no estado de São Paulo (Santana do Parnaíba, Araras e São Bernardo do Campo) e quatro no Distrito Federal.
Outro caso que chamou a atenção nessa empresa foi o fato de a equipe ter encontrado produtos estéreis com ampolas abertas e embalagens corrompidas, comprometendo o controle de riscos. Além disso, a distribuidora reembalava produtos importados sem autorização, e com rotulagem que trazia informações diferentes das que constavam no produto original.
Em uma distribuidora de São Bernardo do Campo, foram interditados 14 produtos sem registro sanitário no Brasil.
Como escolher serviço confiável
Desconfie de promessas milagrosas ou que garantam resultados, bem como de preços praticados muito abaixo do preço médio de mercado.
É essencial consultar, junto à Vigilância Sanitária da sua cidade, se o estabelecimento possui alvará/licença sanitária válida, bem como conferir, nos conselhos profissionais, as credenciais de quem irá realizar o seu procedimento.
É preciso também que o consumidor não confie inadvertidamente em conteúdos veiculados por meio de influenciadores em redes sociais (influenciadores). Se há dúvidas quanto ao tratamento a escolher, o ideal é procurar um profissional de saúde habilitado para avaliar o caso.
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