Na última sexta-feira (14), os pequenos Alisson, Ryan e Heitor receberam alta após um parto considerado um marco internacional: eles são os primeiros trigêmeos do mundo nascidos de um útero transplantado com sucesso.
A cena, que já seria emocionante por si só, ganhou ainda mais significado por um detalhe especial. Ao deixarem a maternidade, na zona oeste de São Paulo (SP), os três apareceram usando mantos de Nossa Senhora Aparecida.
"Foi um gesto dos pais, Jéssica e Ronilson, para agradecer pelo caminho da fé, da ciência e da resiliência que trouxe esses três pequenos ao mundo", escreveu o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em uma publicação nas redes sociais.
Os três bebês nasceram em agosto, após sete meses de gestação. Mas só agora, quase sessenta dias depois, puderam finalmente ir para casa.
A alta foi comemorada pela família e pela equipe do hospital, que fez homenagens aos meninos em seu perfil oficial no Instagram. "Nada simboliza melhor a força da vida do que a alta desses três pequenos gigantes", diz a mensagem.
Primeiro caso de bebês trigêmeos nascidos de útero transplantado
O transplante de útero ainda é um procedimento experimental no mundo. O caso dos trigêmeos nascidos no Hospital das Clínicas é considerado um marco na medicina reprodutiva por dois motivos: essa é a primeira vez que um transplante uterino resulta no nascimento de três bebês ao mesmo tempo.
Jessica Borges, mãe dos meninos, nasceu sem útero por causa de uma condição genética rara, chamada síndrome de Rokitansky. Como tinha o desejo de gestar e ser mãe, se inscreveu no programa de doação de útero de doadoras falecidas.
Foi quando recebeu uma proposta dos médicos do Centro de Reprodução do HC: tentar o transplante a partir de uma doadora viva, algo inédito na América Latina. Quem se prontificou a doar o órgão foi sua própria irmã, Jaqueline, que já era mãe de dois.
A gestação foi considerada de risco desde o início, não apenas por se tratar de um útero transplantado, mas também por envolver trigêmeos idênticos, algo extremamente raro. Mesmo assim, Jessica evoluiu bem durante boa parte da gravidez e foi acompanhada por uma equipe multidisciplinar.
Ao longo das semanas, ela passou por consultas frequentes, exames adicionais e monitoramento intensivo para garantir que o órgão transplantado estivesse funcionando e que os bebês tivessem espaço e condições para se desenvolver. No fim, os bebês nasceram após sete meses de gestação.
FONTE/CRÉDITOS: Crescer
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