O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse a aliados que quer conversar com o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), novo relator do projeto de lei da anistia na Câmara dos Deputados, ainda neste fim de semana.
Tarcísio foi um dos articuladores do movimento para aprovar a urgência do projeto e fez intenso lobby pelo texto na primeira semana do julgamento de Jair Bolsonaro (PL), em busca de livrar seu padrinho político da pena de prisão. Segundo o relato de aliados, o governador tem expectativa de que Paulinho converse com ele e outros governadores sobre o assunto antes do início da próxima semana, quando a proposta deve avançar na Câmara.
Em São Paulo, diversos bolsonaristas criticaram as mudanças propostas por Paulinho, que prevê trocar a anistia ampla por uma revisão da dosimetria aos condenados pelo golpe -o cálculo que define o tempo de prisão. No entanto, o grupo deve aguardar o diálogo de Tarcísio com o deputado antes de tomar atitudes contra a proposta. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, fala em obstruir votações.
Tarcísio e Paulinho têm boa relação e estiveram juntos na campanha pela eleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no ano passado. Mas o nome do relator não é bem visto nem pelo vice de Nunes, coronel Mello Araújo (PL), seguidor de Bolsonaro.
"Um absurdo a anistia se transformar em [revisão do] tamanho da pena. Não sei por que colocaram como relator uma pessoa que não se move por ideais e sim por interesses, que se reúne com mais duas pessoas que só têm o interesse em manter o presidente Bolsonaro longe das eleições", disse Mello, referindo-se ao encontro de Paulinho com Aécio Neves (PSDB) e Michel Temer (MDB), para discutir o assunto, na noite desta quinta-feira (18).
Nesta sexta, o governador teve apenas reuniões internas no Palácio dos Bandeirantes. Uma delas foi com a deputada federal Rosana Valle (PL-SP), que também relatou ressalvas à indicação de Paulinho.
"Avalio a escolha do deputado Paulinho da Força com dúvidas e preocupação. Paulinho tem ligações históricas com a esquerda. A indicação, realizada pelo presidente Hugo Motta, dá a impressão de que teve o dedo do governo do presidente Lula", afirmou.
A reportagem procurou Paulinho da Força e sua assessoria de imprensa, mas não teve resposta.
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