O jornalista Adilson Laranjeira, assessor de imprensa do ex-prefeito Paulo Maluf por mais de três décadas, morreu no último dia 25, em São Paulo, aos 85 anos.
Ele estava em sua casa e morreu de causas naturais, enquanto dormia, segundo a família. Apesar de acamado nos dias anteriores, seguia lúcido e acompanhado de uma cuidadora.
Com passagem pelo Grupo Folha antes de se tornar assessor de Maluf, Laranjeira ficou marcado pela defesa enfática do político perante a imprensa, repetindo inúmeras vezes em manifestações oficiais e cartas a jornais que "Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior", bordão na contramão das investigações oficiais que apontaram a presença de dinheiro do ex-prefeito fora do Brasil.
Laranjeira tinha um perfil fechado e reservado, conta a sobrinha Paola Asta. "Não ficava se abrindo, contando piada." Quando ela telefonava para saber se estava tudo bem, respondia que sim e que avisaria se precisasse de alguma coisa. "Ele era muito assim, não queria incomodar."
Paola, afilhada dele e quem organizou o funeral, atribui a morte de Laranjeira ao luto pela perda da esposa, com quem foi casado por quase 50 anos. Ela morreu há cerca de três meses. A sobrinha diz que o tio "foi em paz" e que agora está "feliz porque está com a família". "A verdade é que ele faleceu de amor."
Nascido em 12 de outubro de 1939, Laranjeira foi chefe de reportagem na Folha e teve atuação destacada na Agência Folha, onde coordenou a produção de reportagens das sucursais para os jornais do grupo, e na Folha da Tarde, cujo comando assumiu na década de 1980 em meio à campanha das Diretas Já com a missão de modernizar a cobertura.
Nos anos 1990, foi contratado como assessor por Maluf. Laranjeira ficou marcado pela ênfase das manifestações oficiais para rebater quem acusava o ex-prefeito. Em 2002, afirmou que um promotor era "mentiroso, irresponsável e desesperado por não conseguir provas contra Maluf".
Em nota, a família de Maluf afirmou lamentar profundamente o falecimento do jornalista "que dedicou mais de 30 anos de sua carreira como assessor de imprensa de Paulo Maluf". "Expressamos nossos sentimentos e gratidão pelo profissionalismo e amizade."
"De jeito nenhum", afirmou à reportagem na última semana, após relatar ter ligado para a casa de Laranjeira e confirmado que ele estava vivo, embora doente.
A concessionária do Cemitério do Araçá, a Cortel, também negou ter havido registro de velório e sepultamento de Laranjeira no local e, questionada novamente nesta sexta-feira (5), continuava a negar.
A empresa afirmou que a informação pode ainda não estar disponível em sistema porque a "atualização dos registros depende da integração entre diferentes órgãos e prestadores de serviço".
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