Pirajuí Rádio Clube FM

Política

Lula veta projeto que amplia o número de deputados na Câmara

O prazo para sanção acabou nesta quarta-feira (16).

Lula veta projeto que amplia o número de deputados na Câmara
IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

O presidente Lula (PT) vetou o projeto de lei que aumenta dos atuais 513 para 531 o número de deputados federais, aprovado no fim de junho pelo Congresso, segundo aliados do petista. O prazo para sanção acabou nesta quarta-feira (16).

Como a Folha de S.Paulo antecipou, o petista tinha manifestado a aliados a intenção de vetar a proposta, apesar das ponderações da ala política do governo. O tema foi discutido em reuniões do presidente nesta quarta.

Com o veto, Lula atendeu também à recomendação do Ministério da Fazenda. A pasta chefiada por Fernando Haddad (PT) havia recomendado o veto presidencial pelo não cumprimento da previsibilidade orçamentária e por ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O projeto de lei complementar aumenta o número de deputados de 513 para 531, com impacto anual estimado por deputados de cerca de R$ 65 milhões somente com os custos da criação das novas vagas, incluindo salários, benefícios e estrutura para novos congressistas.

O presidente era, conceitualmente, contra o aumento e defendia em conversas a redistribuição das cadeiras da Câmara conforme a mudança populacional dos estados, segundo aliados. Além disso, ele poderia ser acusado de omissão ao não se manifestar sobre a medida - uma das opções na mesa era ignorar o prazo para sanção, e deixa para o Congresso a decisão de promulgá-lo.

Em favor do veto, interlocutores do presidente lembram que o governo tem sido cobrado pelos próprios deputados a adotar uma política de austeridade fiscal.

Auxiliares do presidente temiam que uma omissão sobre o aumento de deputados viesse a interromper uma trajetória de recuperação de popularidade do presidente, que vem na esteira de uma campanha baseada na retórica da luta entre pobres e ricos.

Integrantes da ala política do governo tentaram convencer o petista a não vetar nem sancionar a proposta, deixando para que o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a promulgasse. Isso é chamado de sanção tácita, e Alcolumbre já havia dito que a faria.

Parlamentares de oposição veem uma postura eleitoral na decisão de Lula de vetar o aumento no número de deputados. Um líder da Câmara disse, sob reserva, que o veto tem potencial para gerar novos atritos do Legislativo com o governo federal.

Além de ter sido costurada por Motta, a proposta contou com apoio de lideranças que têm força internamente na Casa, entre elas o ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL).

Um governista diz que o veto do presidente é coerente, já que Lula é conceitualmente contra a proposta e é uma prerrogativa do Executivo vetar propostas - assim como é do Legislativo analisar esse veto.

Ele diz ainda que a medida é impopular e nasceu do Congresso, então não haveria motivos para o presidente sancionar a proposta, correndo o risco de ser alvo de críticas pela opinião pública, sobretudo num momento em que há um esforço para reverter a queda de popularidade da gestão petista.

Decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) diz que, caso o Congresso não cumpra determinação de editar lei sobre essa matéria, caberá ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fixar o número de deputados federais de cada estado e do Distrito Federal para a legislatura que iniciará em 2027 - e, consequentemente, o número de deputados estaduais e distritais.

Líderes inclusive da base do governo foram pegos de surpresa com a decisão de Lula. Eles acreditavam que o presidente não compraria esse desgaste e agora querem se reunir para definir um posicionamento conjunto.

Lideranças ouvidas pela reportagem afirmam, sob reserva, que será uma tarefa difícil derrubar o veto presidencial, sobretudo no Senado. Isso porque a matéria é considerada impopular e houve dificuldade para conseguir os votos necessários de senadores à proposta. A proposta recebeu o número exato de votos para ser aprovada na Casa, 41.

A avaliação de senadores é de que a única possibilidade de conseguir reverter o cenário é caso o próprio presidente da Casa entre em jogo para virar mais votos a favor da proposta.

FONTE/CRÉDITOS: Jcnet
Comentários:

Veja também