Clientes nos Estados Unidos são responsáveis por 54% das encomendas de novas aeronaves comerciais feitas à Embraer, segundo balanço financeiro da companhia, que tem sede em São José dos Campos.
Isso revela o potencial de impacto da sobretaxa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros, incluindo as aeronaves da Embraer. A tarifa começa a valer a partir de 1º de agosto.
Desse total de aeronaves, os clientes americanos encomendaram 181 unidades, sendo 151 do jato E175, 20 do modelo E195-E2 e 10 do E190-E2.
No final do primeiro trimestre de 2025, a carteira de pedidos da aviação comercial da Embraer totalizava US$ 10 bilhões – R$ 55,8 bilhões na atual cotação do dólar.
Os americanos também são grandes compradores dos jatos executivos da Embraer, mas a empresa não revela o número de aeronaves e nem os clientes. Só se sabe que a carteira de pedidos do segmento atingiu US$ 7,6 bilhões – R$ 42 bilhões –, estabelecendo novo recorde da fabricante.
Os números mostram que o mercado americano é fundamental para a companhia, atingindo até 60% da receita da Embraer, segundo analistas de mercado.
Risco de demissões.
O presidente e CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que as tarifas podem reduzir a produção de aeronaves, que ficarão mais caras, e provocar demissões, em situação semelhante à da pandemia de Covid-19. Na oportunidade, mais de 900 empregos foram perdidos por conta da crise sanitária.
Segundo ele, cada avião da Embraer vendido para os Estados Unidos ficará R$ 50 milhões mais caro se o tarifaço de 50% imposto por Trump ao Brasil for implementando no dia 1º de agosto.
Gomes Neto disse que as tarifas vão somar R$ 2 bilhões só em 2025 e R$ 20 bilhões até 2030. Os EUA são o principal mercado para a companhia. "É uma situação para a Embraer muito séria", disse o presidente.
Embargo.
O executivo disse que, até o momento, nenhum pedido de cancelamento foi feito, mas a empresa se prepara para o pior.
"O que pode acontecer: clientes da aviação comercial não quererem receber os aviões porque o valor é muito elevado e impactaria o negócio deles. Temos de negociar, mas se falarem que não querem mais receber, não poderemos produzir avião sem clientes. Talvez a gente precise desacelerar a produção", afirmou o executivo.
Apesar das tensões, o executivo espera que as negociações avancem. Gomes Neto mencionou o acordo americano com o Reino Unido, que zerou a alíquota que era de 10%. "Esse exemplo fica como uma boa base para o Brasil também", disse ele.
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