Os hospitais Beneficência Portuguesa de São Paulo, Sírio-Libanês e Alemão Oswaldo Cruz, os laboratórios Fleury, Dasa, Sabin Diagnóstico e Saúde, e o grupo RD Saúde participarão de um projeto-piloto para testar a integração e o compartilhamento de dados de pacientes -mediante autorização- para agilizar e aprimorar o atendimento.
O OpenCare Interop foi anunciado nesta segunda-feira (15), pelo InovaHC, braço de inovação do Hospital das Clínicas de São Paulo e a B3 -a bolsa de valores do Brasil.
O modelo deverá entrar em operação no prazo de seis a oito meses e foi inspirado no arquétipo do mercado financeiro, que utiliza o open finance (sistema aberto de compartilhamento de dados financeiros) para permitir que bancos e instituições troquem informações com a autorização do cliente.
"Vamos respeitar a questão da LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados]. A pessoa estará ciente de tudo, quais são os dados compartilhados e para qual finalidade. Chamamos de empoderamento do paciente. Ele vai falar quem pode utilizar o dado e para qual finalidade", afirma Marcia Ogawa, conselheira do InovaHC e gestora do projeto OpenCare Interop.
A redução de desperdícios e melhor qualidade do serviço médico também são benefícios da tecnologia aos hospitais. Na pesquisa científica, o modelo facilitará o acesso a dados em larga escala, identificação de padrões e tendências e ensaios clínicos mais rápidos e precisos.
"Os dados dos pacientes devem acompanhá-lo na atenção primária, secundária e terciária, seja no sistema público ou privado. E aí elegemos a interoperabilidade como o projeto central de 2026", afirma Giovanni Guido Cerri, presidente do InovaHC.
"A interoperabilidade pode gerar uma economia de 15% na saúde como um todo. Também é fundamental para a sustentabilidade econômica, para evitar repetir exames, procedimentos, consultas e, ao mesmo tempo, poder fazer com que um doente que seja atendido num pronto-socorro possa ter disponível todos os dados dos atendimentos anteriores e os exames já feitos. Repetir tudo de novo retarda e diminui a eficiência do atendimento", diz Giovanni.
Não há custo para o projeto-piloto, segundo o gestor. A B3 entrou com a tecnologia. Comprovada a viabilidade do modelo, haverá o sistema de compensação pela disponibilização dos dados.
"Faremos o piloto por um ano. A ideia é depois estender o projeto. O piloto é para mostrar que podemos utilizar a tecnologia do mercado financeiro na saúde com eficiência", finaliza Guido Cerri.
"O sistema privado representa 25% da população. Ter a segurança de um prontuário de informações fluindo com todos os protocolos é muito importante. O hospital [Oswaldo Cruz] participa desse projeto para contribuir, se colocar à disposição e a serviço desse avanço para a sociedade", diz o CEO do Hospital Oswaldo Cruz José Marcelo de Oliveira.
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