Enquanto milhares de pessoas tomavam a orla de Salvador neste domingo (21) contra a aprovação na Câmara dos Deputados da PEC da Blindagem, o deputado federal Mário Negromonte Júnior (PP-BA) discursava em Pedro Alexandre, cidade de 14 mil habitantes do sertão da Bahia.
Ao lado do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), justificou o seu voto em favor da proposta alegando ter sido enganado. Horas depois, na estrada, postou um vídeo afirmando que se sentia como vítima de um golpe.
"Essa PEC da Bandidagem não me representa, não representa a trajetória do meu mandato. Eu fui enganado", disparou o parlamentar baiano, que é colega de partido, conterrâneo e aliado próximo ao relator da proposta, deputado Cláudio Cajado (PP- BA).
Nesse domingo, manifestantes foram às ruas nas 27 capitais para protestar contra a PEC e contra a proposta de anistia aos condenados no 8 de Janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas o movimento de refluxo já vinha desde os dias anteriores, com a repercussão negativa da proposta.
Parlamentares que votaram a favor da proposta têm sido cobrados por seus eleitores nas redes sociais. Parte deles restringiu os comentários nas últimas postagens para evitar críticas públicas.
Dentre os 12 deputados da bancada do PT que votaram a favor do projeto, ao menos dois vieram a público alegando terem sido levados ao erro.
O deputado federal Paulo Guedes (PT-MG), que estava internado em um hospital durante a votação, justificou seu voto em uma live nas redes sociais. Disse que votou favoravelmente ao projeto após ter recebido uma ligação do colega Odair Cunha (PT-MG), que estava no plenário.
"Minha cabeça não estava atenta a tudo que estava acontecendo. Se estivesse no plenário, jamais teria votado. Queria pedir desculpa aos meus eleitores", afirmou o deputado.
Líder da bancada do PSB, o deputado Pedro Campos (PE) disse que decidiu negociar com o centrão e votou a favor do projeto para barrar a anistia e fazer avançar no Congresso pautas de interesse do governo como tarifa social de energia e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
"Tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho e saímos derrotados na votação e PEC e na votação da anistia", disse Campos, que entrou com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) contestando a votação.
Um dos aliados mais próximos do ministro dos Transportes, Renan Filho, Rafael Brito (MDB-AL) votou a favor da proposta no primeiro turno e se ausentou no segundo. Dias depois, avaliou o voto como um erro. Gabriel Nunes (PSD), aliado do PT na Bahia, também disse que errou ao apoiar a proposta.
Ao menos dois parlamentares do campo conservador se disseram arrependidos de seus votos.
"Eu fui covarde. Eu cedi à pressão e mudei meu voto. Eu não fui forte, eu não tive força para fazer o correto. Eu quero pedir perdão para vocês", disse a deputada aos seus leitores em um vídeo nas redes sociais.
Alinhado ao bolsonarismo e potencial candidato a governador de Sergipe, o deputado federal Thiago de Joaldo (PP) também recuou de seu voto favorável à PEC: "Vergonha é insistir no erro, coragem é assumi-lo de frente e lutar para consertar", afirmou.
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