A Controladoria-Geral da União (CGU) descobriu que a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) tentou filiar ao INSS até uma criança de nove anos e pessoas mortas havia mais de 20 anos. As fichas falsas foram apresentadas pela entidade ao instituto e constam em relatório encaminhado à CPMI do INSS. A apuração é do Metrópoles.
Segundo o documento, a CGU classificou a situação como “absurda”. A auditoria mostra que, mesmo após o INSS exigir as fichas de autorização para descontos em benefícios, a Conafer continuou apresentando registros de pessoas falecidas, alguns com datas de assinatura posteriores ao óbito.
De acordo com a CGU, entre 2021 e 2024, a Conafer fez mais de 3,3 mil tentativas de aplicar descontos em benefícios de pessoas já mortas. Desde 2019, a entidade arrecadou quase R$690 milhões em cobranças associativas de aposentados, trabalhadores rurais e indígenas.
O levantamento identificou que 99% das pessoas com descontos da Conafer disseram não ter autorizado as cobranças. Mesmo assim, a entidade não contestou 80% das reclamações, o que, segundo a CGU, equivale ao “reconhecimento tácito” das irregularidades.
Durante depoimento à CPMI do INSS, o presidente da Conafer, Carlos Ferreira Lopes, ironizou as acusações. Ao ser questionado sobre o envio de fichas de pessoas falecidas, respondeu: “É padrão do INSS ter defunto recebendo benefício?”.
A CGU também acusa a Conafer de dificultar a fiscalização, omitindo ou entregando parcialmente os documentos solicitados.
Procurada, a Conafer afirmou ao Metrópoles que não teve acesso ao relatório e que iniciou sindicância interna para apurar as irregularidades. A entidade diz que apenas filia outras organizações, como sindicatos e associações, e não pessoas físicas.
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