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Bolsonaristas admitem desgaste com tarifa e blindam ex-presidente

O próprio Bolsonaro não comentou diretamente o aumento da tarifa contra o Brasil

Bolsonaristas admitem desgaste com tarifa e blindam ex-presidente
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Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitem reservadamente que há um desgaste político para ele e para o seu grupo político com o aumento da sobretaxa para 50% sobre produtos importados do Brasil imposto nesta quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A decisão de Trump faz parte de uma ofensiva para defender Bolsonaro, e a carta do americano cita o ex-presidente diretamente. Há uma avaliação entre os aliados de Bolsonaro de que, por ora, o governo Lula (PT) tem conseguindo emplacar o discurso de que o ato fere a soberania do país.

Embora haja incerteza em torno das consequências econômicas e políticas da decisão de Trump, bolsonaristas já buscam blindar o ex-presidente da crise.

O próprio Bolsonaro não comentou diretamente o aumento da tarifa contra o Brasil. Em publicação nas redes sociais, ignorou o tema e repetiu argumento de que é perseguido pela Justiça brasileira - algo amplificado por Trump. Depois, escreveu um provérbio.

"Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme", publicou em rede social. O ex-presidente está recluso em casa, recuperando-se de uma esofagite.

Ainda na quarta-feira, a esquerda classificou os bolsonaristas de "vira-latas", falou em ataque à soberania nacional e fez um apelo pelo nacionalismo - temas caros à direita.

De acordo com integrantes do PL, partido do ex-presidente, o bolsonarismo ainda buscava uma forma de contornar a narrativa do governo nas horas após o anúncio de Trump.

Entrou em curso uma ofensiva para dizer que a tarifa de 50% aplicada por Trump é culpa de Lula, não de Bolsonaro ou mesmo do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que trabalha junto a autoridades dos EUA por sanções a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), adotou linha parecida.

Nas redes sociais e no plenário da Câmara dos Deputados, parlamentares usaram à exaustão a frase "a culpa é do Lula". O argumento passa pela ideia de que o presidente não soube criar relação diplomática com a gestão de Trump.

E, mais além, argumentam que a tarifa não é resposta à articulação política de Eduardo Bolsonaro, numa tentativa de distanciá-lo da medida, e tentar associar a decisão de Trump às declarações de Lula na cúpula dos Brics, no início da semana.

Aliados de Bolsonaro dizem se tratar de uma resposta comercial mais do que política à administração petista.

"Por conta da inabilidade, falta de diplomacia e, sobretudo, falta de respeito para contra os adversários políticos, o governo Lula, aliado à China, à Rússia, à Venezuela e à Cuba e ao próprio Irã, vai sofrer represálias no campo diplomático", disse o deputado Sanderson (PL-RS).

Já no Senado, Hamilton Mourão (Republicanos-RS) atribuiu a tarifa de Trump ao que chamou de "sucessivos fiascos de uma diplomacia inoculada de ideologias ultrapassadas têm uma resultante desastrosa para o país".

Ex-ministro de Bolsonaro e deputado federal Osmar Terra (PL-RS) disse que a economia brasileira já está ruim, por culpa do governo. E que, se piorar, será também por culpa do governo, não pelo tarifaço anunciado por Trump.

A ministra Gleisi Hoffmann (PT), da Secretaria de Relações Institucionais, também publicou no X, e associou a decisão de Trump a Bolsonaro, além de reforçar discurso do governo sobre taxação de ricos.

"O projeto de Lula é taxar os super ricos, o de Bolsonaro é taxar o Brasil!", escreveu. "A subserviência de Bolsonaro aos EUA está custando caro ao país. As mentiras que ele e a família espalharam sobre o Brasil e o STF serviram de pretexto para Donald Trump taxar as exportações brasileiras".

FONTE/CRÉDITOS: Jcnet
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