Em depoimento à polícia nesta terça-feira (3), a suspeita de ter envenenado o bolo que matou Ana Luiza de Oliveira Neves, 17, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, disse ter ficado chocada com a morte da adolescente e que se sente muito arrependida do que fez.
De acordo com o registro de seu depoimento, a que a Folha teve acesso, a suspeita contou ter comprado o produto químico óxido arsênico pela internet, pagando o valor aproximado de R$ 80. Depois, diz ter comprado o bolo de pote na doceria, feito um brigadeiro branco e o colocado sobre o bolo. Então, salpicou o pó químico sobre ele e mandou um motoboy entregar no trabalho da primeira vítima, no dia 15 de maio.
Da mesma forma, no último sábado (31), ela disse ter tido uma recaída e fez o mesmo processo em outro bolo para ser entregue à Ana Luiza.
Aos policiais, afirmou que em nenhuma das duas ocasiões ela teve a intenção de causar mal maior às adolescentes. Ela queria "apenas que elas tivessem sintomas ruins, tais como vômitos".
Confirmou que a motivação foi ciúmes por ter perdido namorados para elas. Declarou ainda que imaginava que Ana Luiza fosse se recuperar, como a primeira vítima.
Por isso, disse ter ficado "absolutamente chocada quando soube da morte de Ana Luiza". E que também "sente-se muito arrependida".
Para justificar seus atos, ela declarou que acredita estar passando por algum tipo de problema psicológico, "porque não conseguiu controlar seus impulsos em relação às suas ações".
Entenda o caso
De acordo com o boletim de ocorrência, por volta das 17h de sábado, a irmã de Ana Luiza, de 18 anos, recebeu o bolo de pote em casa, no Parque Paraíso. Havia um bilhete com a frase "Um mimo pra garota mais linda que já vi" e, no verso, estava escrito Lulu Linda.
Ana Luiza chegou em casa cerca de uma hora depois e comeu o bolo. Por volta das 18h50, ela começou a passar mal. O quadro se agravou e o pai da jovem a levou para um hospital particular.
A adolescente foi atendida e diagnosticada com intoxicação alimentar. Depois de medicada, ela recebeu alta.
Porém, no dia seguinte, por volta das 16h, Ana Luiza passou a ter sintomas mais graves e novamente foi levada ao pronto-socorro, onde já chegou sem sinais vitais.
De acordo com o registro policial, consta no relatório médico que Ana Luiza chegou ao pronto-socorro após aproximadamente 20 minutos de parada cardiorrespiratória. Ela estava cianótica (coloração azulada ou acinzentada da pele, decorrente de oxigenação insuficiente do sangue), com hipotermia, sem batimentos cardíacos e sem respiração.
A equipe médica realizou diversos procedimentos de reanimação, incluindo reanimação cardiopulmonar, mas não tiveram sucesso.
A loja Menina Trufa, onde o bolo enviado a Ana Luiza foi comprado, se solidarizou com a família e afirmou que não entregou o bolo.
"A Menina Trufa é a fabricante do produto, mas não foi responsável pela entrega à adolescente. Uma pessoa adquiriu o produto na loja como se fosse para consumo próprio, levando este para outro lugar que ainda é desconhecido', afirmou.
"Repudiamos qualquer tentativa de associação indevida à nossa marca. Prezamos pela ética, segurança alimentar e transparência em tudo que fazemos. Estamos colaborando com as autoridades e seguimos à disposição para quaisquer esclarecimentos. Nossos sentimentos mais sinceros à família e amigos", finalizou.
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