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Ministra de Lula promete perícia paralela a famílias de mortos

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, prometeu que o governo vai encomendar uma perícia independente dos corpos dos mortos

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Em reunião com familiares de mortos na operação nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, e representantes da comunidade, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, prometeu que o governo vai encomendar uma perícia independente dos corpos dos mortos.

"Na nossa visão, a perícia no local está muito prejudicada", afirmou a ministra, que integrou uma comitiva do governo e da Câmara dos Deputados em visita ao complexo da Penha.

Em entrevista coletiva depois do encontro, Macaé disse que a operação foi "um fracasso, uma tragédia, um horror inominável".

"Se quisermos combater o crime organizado, temos que começar por cima. Não adianta chegar em nossas comunidades expondo crianças, pessoas idosas e com deficiência a esse pavor."

A gestão Cláudio Castro (PL) anunciou nesta q uarta-feira (29) que, ao todo, a operação deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais. O governador classificou a ação como "um sucesso".

Nesta quinta, o grupo de ministros do governo Lula realizou uma reunião na sede da Cufa (Central Única das Favelas), próximo à praça São Lucas, onde os corpos dos mortos foram colocados na quarta-feira.

Antes da fala das ministras Macaé Evaristo e Anielle Franco (Igualdade Racial), familiares de mortos deram depoimentos sobre o desespero que eles e a comunidade enfrentaram durante a operação e a busca pelos corpos na mata da Serra da Misericórdia.

Macaé afirmou que a Polícia Federal colocou peritos à disposição. A manifestação ocorreu poucas horas após a Defensoria Pública do RJ informar que foi proibida de acompanhar as perícias dos corpos no IML (Instituto Médico Legal).

Macaé anunciou ainda uma série de medidas para dar suporte aos familiares e moradores, incluindo atendimento psicossocial e proteção às testemunhas, especialmente crianças.

"Tem uma questão da segurança pública, mas segurança é direito de toda a população. Não adianta segurança se não tiver associada a políticas públicas de saúde educação", disse a ministra.

Um morador pediu a palavra durante a fala de Macaé: "Ministra, tem que ter as imagens das câmaras [das fardas dos policiais], não mostraram nada ainda". Macaé ficou de incluir a reivindicação na pauta.

Com a voz embargada, a ministra Anielle Franco afirmou: "Só quem sabe da favela é o favelado. Ser cria da favela da Maré me faz chegar nesse espaço e nunca esquecer de onde vim".

Entre os deputados federais na comitiva estavam Benedita da Silva (PT-RJ), Reimont (PT-RJ, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara), Glauber Braga (PSOL-RJ), Chico Alencar (PSOL-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) e Otoni de Paula (MDB-RJ).

Talíria definiu como "uma covardia" do governo Cláudio Castro o veto à Defensoria. "Como não se possibilita que uma instituição de estado colabore na perícia para identificar corpos? Esse governo que torturou e executou, que não dá direito a um sepultamento digno, ainda fala em processar famílias por fraude processual", queixou-se a deputada do PSOL, em referência à instauração de inquérito para apurar suposta remoção indevida e ilegal dos cadáveres.

Ela chorou ao comentar os relatos dos familiares ("dilacerantes"), em particular de uma mulher que encontrou numa árvore a cabeça de seu parente degolado e mostrou o vídeo à comitiva. "Já acompanhei muitos casos de violência no Rio, mas nunca vi nada parecido com isso."

Muro do Bope

Segundo o secretário da PM, coronel Marcelo Menezes, na operação desta terça-feira, o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) fez uma espécie de muro: policiais caminharam até a serra da Misericórdia e cercaram os suspeitos na mata, onde havia outro grupo do Bope aguardando.

"O que a gente fez de diferente nessa operação foi a incursão de homens do Bope na área mais alta da montanha, (...) criando o que a gente chamou de muro do Bope, ou seja, policiais incursionados nessa área, fazendo com que os marginais fossem empurrados", disse.

A serra da Misericórdia tem pouco mais de 300 mil metros quadrados e reúne maciços que variam entre 100 metros e 200 metros de altitude -o Alemão fica a 167 metros de altitude, e a Penha a 111 metros.

A região da mata dos dois complexos é usada por traficantes do Comando Vermelho para fuga, esconderijo, e também é a região onde é realizado o chamado tribunal do tráfico, prática de assassinatos sob ordens de líderes locais.

FONTE/CRÉDITOS: Jcnet
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