Em um ano, 44 pessoas morreram no trânsito de Bauru e uma a cada quatro delas foi vitimada em acidentes registrados na rodovia Marechal Rondon (SP-300). Segundo o Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), entre setembro de 2024 e agosto de 2025, 12 usuários perderam a vida na via, que atravessa a cidade de Norte a Sul.
A Rondon também lidera o número de acidentes em geral, incluindo as colisões sem vítimas fatais, concentrando 138 registros dos 1.138 ocorridos em vias urbanas e rodovias que cortam a cidade. O trecho mais crítico fica na área mais urbanizada, entre o trevo da Bauru-Marília (SP-294) e o chamado trevo da Eny, onde ocorreram seis das 12 mortes. O índice impressiona ainda mais quando comparado ao levantamento anterior: entre setembro de 2023 e agosto de 2024, a Rondon havia respondido por três das 32 mortes totalizadas no período.
Comandante do Pelotão de Polícia Rodoviária de Bauru, a tenente Isadora Cassioni Tavani explica que a Rondon concentra maior volume diário médio (VDM) de veículos em relação a outras rodovias que passam pela cidade. Além disso, é mais utilizada para o deslocamento entre bairros, que se soma ao fluxo de pessoas que saem todos os dias de cidades vizinhas, como é o caso de Agudos, para trabalhar ou estudar em Bauru.
Novas marginais
Nem mesmo a implantação recente de pistas marginais parece ter sido suficiente para garantir maior segurança viária no trecho, que ainda carece de iluminação pública, prometida pelo governo do Estado há mais de dois anos. Para a tenente, como muitos motoristas utilizam a via para deslocamentos diários, a rotina pode contribuir para reduzir o nível de atenção ao volante.
"Se o condutor está na marginal para entrar logo no município, por exemplo, pode, por excesso de confiança, decidir mexer no celular, não utilizar cinto de segurança, o que pode resultar em acidentes fatais. Por mais que tenhamos intensificado as fiscalizações e autuações, a maioria dos acidentes acontece por imprudência, negligência e imperícia do condutor", acrescenta.
Segundo o Infosiga, embora apenas 17,7% dos acidentes em geral tenham ocorrido em rodovias, 38,6% das mortes foram registradas nesses locais, onde a velocidade máxima permitida é maior. "Em razão disso, qualquer acidente, infelizmente, pode resultar em uma fatalidade. E Bauru ainda tem a peculiaridade de concentrar entroncamentos rodoviários, como o da SP-294 com a SP-300 ou da SP-300 com a SP-321 (Bauru-Iacanga), o que aumenta o VDM e o risco de sinistros", pontua Cassioni.
Entre os tipos de acidentes mais comuns, a comandante destaca colisões traseiras associadas ao excesso de velocidade e ao uso do celular, bem como tombamentos de motocicletas resultantes de manobras perigosas e alta velocidade.
Outros locais
Os dados do Infosiga mostram ainda que, entre as 44 vítimas fatais, 37 eram homens, nove tinham entre 35 e 39 anos, seis entre 60 e 64 e cinco entre 20 e 24. Além da Rondon, outras vias importantes de Bauru concentraram o maior número de mortes. Duas ocorreram na avenida Elias Miguel Maluf, duas na Nações Unidas, duas na rodovia Bauru-Marília (SP-294), uma na Bauru-Jaú (SP-225) e outra na Bauru-Ipaussu (SP-225). Também figuram na lista avenidas como Lúcio Luciano, Moussa Nakhl Tobias, Duque de Caxias, Comendador José da Silva Martha e Cruzeiro do Sul, com uma vítima fatal, cada. No ranking estadual, Bauru aparece com o 12.º maior índice de mortalidade no trânsito, com taxa de 11,54 óbitos por mil habitantes. A liderança é de Piracicaba, com 18,5.
Comentários: