Guilherme Dias Santos Ferreira, morto pelo policial Fabio Anderson Pereira de Almeida na noite de sexta-feira (4), na zona sul de São Paulo, foi baleado pelas costas, de acordo com o boletim de ocorrência.
Segundo o registro policial, foi verificada no corpo de Guilherme uma lesão perfurocontusa - que perfura e contunde ao mesmo tempo - na região da cabeça, atrás da orelha direita.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), o policial teria confundido Guilherme, um homem negro que trabalhava em uma fábrica de camas, com um assaltante. A vítima havia acabado de sair do trabalho e estava a caminho de um ponto de ônibus. Ele carregava carteira, celular, um livro e uma marmita.
Procurada, a defesa do policial afirmou que ainda não vai se manifestar.
Pouco antes, o PM voltava para casa em sua moto, ainda segundo o registro, quando foi cercado por criminosos armados em outras cinco motos que tentaram roubar seu veículo. Ele reagiu e atirou contra os suspeitos, que fugiram, abandonando uma das motos.
Ele foi autuado por homicídio culposo, pagou fiança de R$ 6.500 e responderá em liberdade.
Uma testemunha que estava próxima ao PM contou que viu quando ele atirou em Guilherme, que se aproximava de uma motocicleta que estava caída no chão, depois de ter sido abandonada por um dos criminosos. Ainda segundo essa testemunha, o agente atirou afirmando que tinha certeza que Guilherme estava no assalto.
Durante a ocorrência, um colega de trabalho de Guilherme, identificado como Deillan Ezian da Silva Oliveira, 21, foi preso sob suspeita de participar da tentativa de assalto. Assim como Guilherme, ele também saía do trabalho naquele momento.
Deillan afirmou que não sabia que o colega havia sido atingido pelo policial.
Uma mulher que estava no ponto de ônibus também foi atingida e socorrida. Não há informações sobre o estado de saúde dela.
"Homem de Deus"
Nas redes sociais, a família pede justiça e diz estar indignada por Guilherme ter sido confundido com um criminoso.
A esposa dele, Sthefanie dos Santos Ferreira Dias, afirmou à TV Globo que o marido sonhava em ser pai. "É um homem de Deus, um bom filho, um bom esposo. Nunca se envolveu com nada. O sonho dele era ser pai. A gente ia viajar agora em agosto porque iríamos comemorar dois anos de casados", afirmou.
Larissa ainda pediu justiça e o afastamento do policial, acrescentando que pagar R$ 6.500, valor da fiança, "para uma vida que foi perdida não está satisfatório".
Linha do tempo
4 DE JULHO
Guilherme Dias Santos Ferreira, 26, registra saída no relógio-ponto da empresa Dream Box e caminha até o ponto de ônibus. Deillan Ezlan da Silva Oliveira, 21, também funcionário, bate o ponto em horário próximo;
• 22h35
Fábio reage a tiros, e o grupo foge abandonando na via uma Honda CBX 250;
Guilherme surge correndo rumo ao ponto de ônibus, segundo amigos, para não perder a condução. Fábio o vê e dispara, segundo boletim de ocorrência, acreditando se tratar de um dos envolvidos na tentativa de assalto que estaria voltando à cena do crime. Guilherme morre a cerca de 50 metros do ponto;
Deillan, que também caminhava em direção ao ponto de ônibus, é detido como suspeito de participar do roubo. Acabou liberado na delegacia
5 de julho
Perícia chega ao local do crime
Com Guilherme foram encontrados carteira, celular, chaves, livro, remédios, itens de higiene, uma bolsa térmica e uma marmita com talheres;
• 14h52
Fábio é autuado em flagrante por homicídio culposo, paga fiança de R$ 6.500 e é liberado
Comentários: