Deputados do PL afirmaram nesta terça-feira (23) que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recuou na nomeação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como líder da minoria após sofrer pressão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, cuja esposa passou a ser alvo da Lei Magnitsky. A bancada afirmou que vai recorrer da decisão.
Motta barrou a indicação de Eduardo feita pelo PL que livraria o deputado, nos EUA desde março, de uma cassação por faltas -isso porque líderes partidários não teriam a obrigação de comparecer à Câmara para as sessões.
Integrantes do centrão fecharam com ministros do STF, de forma sigilosa, os termos de um acordo que envolve a votação de um projeto que reduz penas pelos atos golpistas, a garantia de que Jair Bolsonaro (PL) poderá cumprir pena em regime domiciliar e a rejeição de qualquer forma de perdão pelos crimes julgados pelo STF, segundo pessoas que participam das negociações.
Nesta segunda-feira (22), o governo americano anunciou a inclusão da advogada Viviane Barci de Moraes, mulher de Moraes, e da empresa que pertence à família do magistrado na lista de sancionados pela Lei Magnitsky.
Na avaliação de deputados do PL, a medida levou Motta a retaliar Eduardo por pressão de Moraes. A decisão do presidente da Câmara que nega ao deputado a possibilidade de exercer a liderança da minoria por estar no exterior foi publicada nesta terça.
Segundo o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), Motta foi comunicado previamente da decisão da bancada de indicar Eduardo líder e teria concordado, mas voltou atrás por pressão de Moraes.
"Em todo momento, o presidente Hugo Motta sabia [que Eduardo seria indicado líder]. Ontem, depois da Magnitsky na esposa e no escritório do ministro Alexandre de Moraes, eu recebi uma ligação do presidente Hugo Motta falando que ele não poderia mais cumprir comigo o compromisso", disse à imprensa.
"E o tom ficou muito acima da média. Ele não me afirmou, mas eu fiquei entendido que [foi] por retaliação ao que aconteceu com a família do ministro Alexandre de Moraes", completou.
"Pressionar o presidente da Câmara, se é que isso aconteceu, não estou afirmando, porque o presidente Hugo Motta não me falou que foi ele [Moraes] que ligou, mas me estranhou a mudança de postura do presidente. Depois da Magnitsky ontem, me liga e faz a seguinte comunicação: não poderei mais cumprir o que nós tínhamos conversado", disse Sóstenes.
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