O ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro Edinho Silva, 60, foi eleito para presidir o PT até 2029. Ele obteve a maioria dos votos no primeiro turno da eleição interna realizada no domingo (6). O principal fiador de sua candidatura foi o presidente Lula.
Edinho derrotou o deputado federal Rui Falcão (SP) e os dirigentes partidários Romênio Pereira e Valter Pomar. Uma cerimônia de posse deverá ser organizada no início de agosto, quando o partido realiza seu encontro nacional, em Brasília.
Havia cerca de 3 milhões de petistas aptos a votar, de acordo com o partido. Edinho foi declarado vencedor mesmo sem a votação de Minas Gerais, onde as eleições foram adiadas depois que a Justiça determinou a inclusão da deputada federal Dandara Tonantzin na disputa pela presidência estadual.
Ele deverá atuar para garantir uma aliança com as legendas que integram a base governista ou, ao menos, evitar que elas apoiem um adversário direto de Lula.
Antes do anúncio da vitória, Edinho disse à Folha que será preciso avaliar a situação de cada estado para garantir não só a reeleição, mas também a governabilidade em um eventual quarto mandato. Ele também prometeu trabalhar para unir o partido e minimizar contradições entre as correntes internas.
"O partido tem que se unificar para a gente enfrentar as dificuldades que estão colocadas e obter sucesso naquilo que é o centro da nossa tática, que é a reeleição do presidente Lula. E eu vou trabalhar incansavelmente pela unidade do PT."
Uma das missões do novo presidente do PT será a definição de um sucessor para Lula, para futuras eleições. Durante os debates petistas, Edinho pregou a preparação para disputas sem o presidente e lembrou que a eleição de 2026 será a última com o nome dele nas urnas.
"Quero reproduzir aqui uma frase do presidente Lula, que para mim ela é histórica e emblemática: 'o sucessor do presidente Lula não será um nome. O sucessor do presidente Lula será o PT'", declarou o agora dirigente eleito em sua campanha.
"É impossível o PT não ter uma proposta de segurança pública que unifique nosso discurso nacionalmente. Nós precisamos urgentemente formular uma proposta de segurança pública. O partido tem que ser muito mais protagonista no debate da transição energética, da urgência climática", disse.
"Nós temos que melhorar nosso funcionamento, nossa organização, para que a gente dialogue com a nova classe trabalhadora, para que a gente dialogue com as comunidades evangélicas. É nítida nossa dificuldade de diálogo com as comunidades evangélicas", acrescentou.
A eleição de Edinho não encerra as negociações sobre a divisão de poder dentro do PT. As tendências do partido têm até 26 de julho para escolher os nomes que assumirão os demais cargos na direção da sigla.
O ex-prefeito tem perfil conciliador e é um dos líderes petistas mais moderados. Apesar disso, ele assumirá o comando no momento em que o partido guina seu discurso à esquerda depois de uma série de derrotas no Congresso, que escancaram as dificuldades de governabilidade.
Edinho não conseguiu, por exemplo, impor um nome de sua confiança para a secretaria de Finanças do partido. O mais provável é que a atual ocupante do cargo, Gleide Andrade, da CNB, permaneça no posto ou indique quem a sucederá.
Lula manifestava desde o ano passado a aliados seu apoio a Edinho. Ele usou seu peso político para que figuras importantes do partido, como Gleisi, também endossassem o ex-prefeito de Araraquara.
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