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Projeto prevê suspensão de rede que não remover conteúdo ilícito

Projeto para regulação das big techs que deverá ser apresentado pelo governo Lula estabelece uma escala de sanções

Projeto prevê suspensão de rede que não remover conteúdo ilícito
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O projeto do governo Lula (PT) para regulação das big techs estabelece uma escala de sanções que inclui advertências, multas e também a suspensão provisória de plataformas, por até dois meses, sem necessidade de decisão judicial.

Segundo a proposta, o acesso a essas redes pode ser bloqueado por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, em caso de descumprimento sucessivo de regras para detecção e remoção de conteúdos ilícitos, que configurem crimes já tipificados no Código Penal e em outras leis. Depois disso, a suspensão dependerá de determinação judicial.

A reportagem teve acesso à minuta do projeto, com mais de 60 artigos, que tratam de regras para a remoção de conteúdo, responsabilização dos fornecedores de serviços digitais, remuneração de influenciadores e de normas específicas para proteção de crianças e adolescentes, entre outros temas.

O projeto deve ser encaminhado ao Congresso Nacional na semana que vem. A regulamentação das big techs está no foco de Lula desde o começo do mandato, mas ganhou prioridade nas últimas semanas depois da sobretaxa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil e do vídeo do influenciador Felca sobre adultização de crianças.

O presidente Lula avalizou a modulação das regras e sanções propostas, tendo arbitrado uma divergência entre integrantes de uma reunião ocorrida na quarta-feira (13), no Palácio do Planalto. Enquanto uma ala defendia a necessidade de decisão judicial para a suspensão de redes em caso de descumprimento reiterado da lei, outra se opunha.

Foi apresentada uma terceira proposta, segundo a qual a plataforma poderia ser suspensa por 30 dias independentemente de determinação da Justiça. Lula, segundo relatos, decidiu pela fórmula final: com suspensão de até 60 dias sem decisão judicial.

Entre as punições previstas, estão ainda a aplicações de multas e sanções financeiras. O texto estabelece que as sanções só serão aplicadas após um processo administrativo em que as plataformas teriam direito a defesa prévia.

A ideia de responsabilização das plataformas foi um dos pontos de debate durante a reunião com Lula.

Pelo texto, fornecedores de serviços digitais devem realizar a detecção e a imediata retirada de conteúdo ilícito, publicado por terceiros que caracterizem a prática de crimes. O modelo proposto é baseado no chamado dever de precaução, aplicado pela União Europeia.

Segundo essa proposta, as plataformas têm a obrigação de conter a circulação de publicações que configurem crimes como violência doméstica, estupro, racismo e indução ao suicídio e à automutilação, bem como violações aos direitos da criança e do adolescente e de outros grupos vulnerabilizados.

"A aplicação das medidas previstas neste artigo considerará o contexto das publicações e a eventual finalidade informativa, educativa ou de crítica, sátira e paródia", ressalva a minuta à qual a Folha teve acesso.

O uso fraudulento da identidade de pessoas públicas, contas ou marcas de governos nos três níveis federativos, sem prévia autorização, também integra a lista de ilícitos.

Ainda segundo a minuta, os grupos econômicos devem constituir, no Brasil, domicílio legal ou escritório de representação "para receber notificações e atuar junto às autoridades administrativas e judiciais do país". A proposta também exige a oferta de SAC (serviço de atendimento ao consumidor).

A regulação e fiscalização das big techs ficariam a cargo de uma nova agência reguladora, vinculada ao Ministério da Justiça, a partir da reformulação da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), que passaria a se chamar Agência Nacional de Proteção de Dados e Serviços Digitais.

O documento traz um capítulo destinado à proteção das crianças e dos adolescentes no ambiente digital. Durante a reunião com o presidente, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) recomendou que seja mantido no projeto a ser enviado ao Legislativo, mas com permanência condicionada à aprovação de um projeto que deve ser votado pela Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira (20).

FONTE/CRÉDITOS: Jcnet
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