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ONU diz que só 18 delegações têm hospedagem a 3 meses da COP30

COP30, a conferência de clima da ONU, será realizada em Belém

ONU diz que só 18 delegações têm hospedagem a 3 meses da COP30
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Apenas 18 de 198 delegações já garantiram suas acomodações para a COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas) marcada para novembro, e 90% delas reclamam que os preços de hospedagem em Belém estão muito caros.

É o que mostram dois documentos da UNFCCC, o braço climático da ONU, obtidos pela Folha de S.Paulo uma carta enviada pelo secretário-executivo do órgão, Simon Stiell, ao Brasil na última quinta-feira (21), e uma pesquisa feita com seus integrantes.

Mais cedo, o secretário-executivo da COP30, Valter Correia, afirmou que 47 países informaram ao governo Lula (PT) que tinham reservas garantidas em Belém.

Procurada, a organização da conferência afirmou que o dado da UNFCCC foi feito em uma "sondagem" com base em suas partes (membros da organização, mas não necessariamente países), e as respostas obtidas "não parecem ter a informação mais atualizada sobre as contratações de reserva já confirmadas".

"Em contraste, as informações apresentadas pelo governo brasileiro estão atualizadas até a data hoje", disse a Secretaria Especial da COP30, em nota.

A Folha de S.Paulo também procurou a UNFCCC, que não respondeu.

Na carta, Stiell pede que o governo federal pague os custos de hospedagem das nações, e sugere que não há disposição para que as Nações Unidas avaliem ampliar o auxílio dado às delegações, como é pleiteado por uma série de países ?inclusive o Brasil.

"Com menos de três meses para a COP30, pode não ser mais viável reduzir a escala da COP30 de uma forma ponderada e construtiva como antes recomendado pelo secretariado [a direção da UNFCCC]. Os resultados da pesquisa reforçam que ações urgentes e práticas são necessárias para aliviar a situação", diz o texto.

A pesquisa feita pela UNFCCC foi enviada para todos os seus 198 membros (entre países e grupos), e 186 responderam ?nem todos a todas as perguntas. Do total, 147 são nações.

A carta ilustra como a crise de hospedagem na capital paraense contaminou o debate climático em todo o mundo.

"Os desafios logísticos e operacionais da COP30 se tornaram a narrativa global dominante nos principais mercados de mídia, ofuscando a construtiva liderança demonstrada nas seis cartas da presidência [da COP] e em outros esforços de comunicação que miram focar a atenção para os temas da conferência", escreve Stiell.

A principal reclamação já era o preço dos hotéis. O relatório da ONU não diz como cada país respondeu aos questionamentos, mas deixa claro que essa queixa é generalizada e vem inclusive de nações ricas.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, os hotéis de Belém se recusaram a prestar explicações ao governo Lula sobre os valores praticados para o evento. Eles também se recusaram a assinar um acordo para controlar o aumento nas diárias cobradas.

Entre as "respeitosas recomendações" feitas por Stiell, está a "ampliação do subsídio de acomodação para os LCDs e os SIDS [respectivamente, os grupos de países menos desenvolvidos e insulares] para que o custo não ultrapasse os US$ 100 por noite".

O secretário-executivo justifica a importância dessa medida justamente citando que o auxílio diário dado pela ONU a estes países, e que deve cobrir tanto acomodação como alimentação e transporte, é de US$ 144 (R$ 781) na cidade de Belém.

Atualmente, as Nações Unidas custeiam uma diária para diplomatas de uma série de países durante eventos oficiais. Esse valor é de cerca de US$ 250 (R$ 1.355) em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, mas menor para casos como Belém.

A carta foi enviada por Stiell na última quinta, véspera de uma reunião da UNFCCC que aconteceu nesta sexta-feira (22) justamente para tratar do tema.

"O governo brasileiro já está arcando com custos significativos para a realização da COP, por isso não há como subsidiar delegações de países, inclusive de países que são mais ricos que o Brasil. Do ponto de vista do governo brasileiro, não cabe aos brasileiros fazerem subsídios a outros países", afirmou nesta sexta-feira (22) a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

"Reafirmamos nosso apoio para que a ONU use como o auxílio que eles dão para os países mais pobres o mesmo valor que eles dão em outras cidades brasileiras. Se [a COP] fosse mudar a cidade-sede, eles iam ter que aumentar", disse ela, após a reunião.

"Pedimos que fizessem uma reconsideração", afirmou ele, para "centrar esforços juntamente com o país-sede, para achar soluções, sair um pouco da zona de conforto, dar uma contribuição maior".

Na carta, Stiell aponta também que há falhas na comunicação por parte do Brasil, por exemplo ao não deixar clara a diferença entre a disponibilidade de quartos e camas ,a cidade de Belém, quando está debatendo as acomodações.

FONTE/CRÉDITOS: Jcnet
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