O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (4), após se encontrar com Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não há uma definição sobre o avanço da anistia aos condenados por golpismo, tema que o governador de São Paulo tem defendido com ênfase nas últimas semanas.
"Nós estamos muito tranquilos com relação à discussão dessa pauta, não há ainda nenhuma definição. Nós estamos sempre ouvindo o colégio de líderes [partidários]", disse Motta.
Motta e Tarcísio se reuniram em Brasília, na quarta-feira (3), para tratar da anistia, proposta que é encampada pelo governador, pelos bolsonaristas e por dirigentes do centrão para livrar da prisão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está sendo julgado nesta e na próxima semana no STF (Supremo Tribunal Federal).
O encontro foi mediado pelo presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), e pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que também são favoráveis à anistia.
Em seguida, Tarcísio voltou para São Paulo, onde se encontrou, no Palácio dos Bandeirantes, com o pastor Silas Malafaia e o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ). O tema da conversa foi a anistia e os protestos bolsonaristas do 7 de Setembro.
"O apoio do Tarcísio é muito importante, porque trouxe o Republicanos", disse Sóstenes.
O líder do PL também deve se encontrar com Motta, nesta quinta, para tratar da anistia. A expectativa de Sóstenes é a de que o presidente da Câmara discuta um cronograma para a votação.
Mesmo entre os bolsonaristas, porém, a avaliação é a de que Motta não deve levar a medida ao plenário durante o julgamento de Bolsonaro, que deve terminar no próximo dia 12.
Motta, que vinha resistindo a pautar a anistia, admitiu, nesta terça (2), que o tema pode ser levado à plenário. Líderes da esquerda e da direita afirmam que aumentou a pressão sobre o presidente da Câmara e que o clima na Casa mudou.
"Os líderes estão cobrando, estamos avaliando, vamos conversar mais. [...] Aumentou o número de líderes pedindo", disse na terça.
Nesta quinta, Sóstenes voltou a afirmar que a única anistia que contempla o PL é a que inclui Bolsonaro e que não apoia a proposta de Alcolumbre.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o interesse do centrão é anistiar Bolsonaro, mas mantendo a inelegibilidade do ex-presidente por condenações na Justiça Eleitoral, o que sacramentaria a candidatura presidencial de Tarcísio, já ungida pelo bloco.
Em ala do STF e no governo Lula (PT), a avaliação é a de que o caldo da anistia engrossou, e que Tarcísio busca chancelar de vez a candidatura presidencial amarrando o centrão a ele e dando uma resposta a bolsonaristas críticos ao seu nome.
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