O presidente Lula (PT) e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, conversaram por telefone no início da noite desta quarta-feira (9) sobre a ofensiva do americano Donald Trump que inclui ataques a decisões da corte e um tarifaço de 50% sobre exportações do Brasil para os EUA.
A ligação foi feita por Barroso. Os dois definiram que as primeiras reações brasileiras às decisões anunciadas por Trump deverão ser lideradas pelo governo, o que significa que as manifestações devem se concentrar no Palácio do Planalto, no Itamaraty e outros órgãos do Executivo.
O Supremo preferiu adotar um comportamento mais discreto nas primeiras horas após o anúncio de Trump. Na visão de ministros do tribunal, a decisão anunciada pelo presidente americano tem um caráter eminentemente político e não afeta a condução de processos na corte.
Integrantes do STF classificam a tentativa de relacionar a ofensiva econômica de Trump ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma interferência indevida sobre a corte e apontam que não há chance de a pressão feita pelo americano ter qualquer efeito sobre o processo.
Bolsonaro já foi tornado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e será julgado pelo STF por liderar a trama golpista de 2022, com grande probabilidade de ser condenado à prisão.
Um ministro do Supremo comparou a iniciativa do presidente americano à hipótese de o Brasil impor sanções aos EUA em resposta ao uma deliberação da Suprema Corte americana a respeito de aborto, esperando que o tribunal revisse sua decisão.
Esse integrante do STF também minimizou o risco representado por uma investigação do Departamento de Estado do governo americano sobre o curso dos processos no Brasil.
Nas redes sociais, o ministro Flávio Dino evitou comentar o caso, mas defendeu a corte.
Trump anunciou uma tarifa de 50% a produtos importados do Brasil. Em carta enviada a Lula, Trump afirma que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma "vergonha" e que o julgamento contra o ex-presidente é uma "caça às bruxas" que precisa ser encerrada imediatamente".
"A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!".
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