O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para que as Forças Armadas do país assumam o controle da Cidade de Gaza, poucas horas depois de o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reafirmar a intenção de expandir a presença militar para todo o território palestino. A decisão ocorre apesar do aumento das críticas internas e internacionais à guerra, que se aproxima de dois anos de duração.
Segundo comunicado divulgado pelo gabinete nesta quinta-feira (7), a operação faz parte da "proposta para derrotar o Hamas" e será acompanhada do fornecimento de ajuda humanitária à população que estiver fora das zonas de combate. De acordo com o jornal The Times of Israel, também deve exigir a retirada dos civis da Cidade de Gaza, onde atualmente estão cerca de 800 mil pessoas.
A ação, portanto, deverá diminuir ainda mais a área territorial em que a população de Gaza, de aproximadamente 2 milhões de pessoas, tem permissão para ficar.
Horas antes de se reunir com seu gabinete nesta quinta, Netanyahu disse que pretende assumir o controle militar de toda a Faixa de Gaza e, posteriormente, entregá-la a um órgão que fará a administração civil. A declaração foi dada à emissora americana Fox News, quando o premiê foi questionado se pretende tomar controle de todo o território palestino.
O comunicado divulgado mais tarde pelo gabinete afirma também que um plano alternativo foi rejeitado. A proposta, segundo o texto, não garantiria a derrota do Hamas nem a devolução dos reféns.
De acordo com o jornal The Times of Israel, embora o texto não dê detalhes, a proposta descartada parece ter sido apresentada pelo chefe do Exército, Eyal Zamir, que se opõe à ocupação de Gaza por temer um desastre humanitário e riscos à vida dos israelenses sequestrados, ainda mantidos no território.
Não está claro por que a declaração menciona apenas a tomada da Cidade de Gaza, não a ocupação de todo o território, como Netanyahu havia indicado ser seu objetivo. Ainda de acordo com o The Times of Israel, a ênfase na cidade localizada ao norte do território sugere que a operação será gradual, com início naquela região.
Ao reagir às falas de Netanyahu, o Hamas afirmou que os planos representam um golpe durante as negociações por um cessar-fogo e revelam a disposição do político para sacrificar os reféns em nome de seus interesses pessoais. Mais tarde, representantes da facção disseram à emissora Al Jazeera que tratariam qualquer governo civil instalado por Israel como "parte das forças de ocupação", sugerindo que não abriria mão da guerra de guerrilha.
De acordo com a imprensa israelense, Netanyahu defendeu durante o encontro que Tel Aviv tomasse completamente o território palestino, mesmo que isso colocasse em perigo os reféns sob o poder do Hamas. Zamir, por sua vez, teria afirmado que a ocupação total de Gaza era uma armadilha que poderia resultar na morte dos sequestrados.
Os relatos fizeram a extrema direita israelense criticar diretamente o militar.
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