O Fantástico foi ao cemitério do Campo Santo, Guarulhos, no início de junho, para tentar descobrir o paradeiro do homem que criou uma vida de mentiras.
O repórter perguntou a médica Claudia Obara se ela assinou um atestado de óbito de uma pessoa que está viva e ela disse que não conhece Fernando Henrique. Ela disse que não deu atestado porque ele não está morto.
A polícia chegou até Fernando após prender Camila Aline da Silva Matias Rocha.
Camila disse que foi indicada para trabalhar como falsa médica por Fernando. Ela era procurada pela Justiça - suspeita de matar um homem na zona leste da cidade de São Paulo durante um roubo.
Em um quadro dos plantonistas da Santa Casa, é possível ver os nomes Bruna e Ariosvaldo, as identidades falsas que a dupla usava para atuar como médicos.
Depois de preso por falso exercício da medicina, Fernando alegou que era pressionado pela família a trabalhar como médico.
O promotor afirma que Fernando teria feito até o terceiro ano da faculdade de medicina.
A médica Claudia Obara diz que não sabia que ele era um falso médico, porque foi até na formatura dele, uma grande festa.
Fernando chegou a produzir uma falsa festa de formatura. Somente ele, a família e amigos.
“Muitas pessoas procuraram a polícia porque conseguiram se recordar da família ter sido atendida por esse determinado ‘profissional’. Só que muita gente não conseguiu ligar o mau atendimento dele com a morte ou com o mau tratamento de seu familiar, mas mais de 20 famílias procuraram a polícia”, afirma o promotor.
Em outubro de 2011, a mãe de Francisco, Helena Rodrigues, foi atendida pelo falso médico Fernando. As queixas que ela tinha, era vômito e dor abdominal.
"Minha irmã foi falou para ele, mas não passa a dor dela (...) Daí deu mais remédio pra ela", conta Francisco.
Depois de medicada, dona Helena foi liberada e voltou pra casa.
"No outro dia, às 10 horas, minha irmã ligou dizendo que minha mãe estava passando mal. Cheguei lá a mãe estava morta. Cheguei na casa dela a mãe estava morta. Não tinha que fazer né", conta Francisco.
Dona Helena Rodrigues morreu de infarto. Para os promotores, Fernando não foi capaz de identificar o real problema dela.
A pessoa tinha dor que aparentava ser uma dor cardíaca e acabou diagnosticada como uma dor nas costas.
Na época, o falso médico garantiu o que não tinha autoridade para garantir.
"A queixa dela não tinha nada a ver com parte cardíaca naquele dia", disse Fernando.
Mas Fernando reconheceu que já tinha atendido a dona helena um mês antes.
"Eu reparei que ela era uma paciente cardíaca, ela estava com falta de ar. Eu pedi a internação dela. Eu conduzi ela à internação, alguns exames, onde ela ficou, se eu não me engano, 12 dias internada", disse Fernando.
A atual administradora da Santa Casa de Sorocaba informou que o caso do falso médico ocorreu quando uma outra instituição tomava conta do hospital. E que não tem competência para se manifestar sobre os atos ocorridos na época.
Fernando virou réu pela morte de Dona Helena Rodrigues. Em 2019, enquanto aguardava o julgamento, conseguiu uma autorização para passar a usar o sobrenome do pai biológico.
Fernando Henrique Guerrero passou a se chamar Fernando Henrique Dardis. Em julho de 2023, Fernando, de nome novo, apresentou um atestado médico para adiar a sessão do tribunal do júri.
A audiência foi remarcada para fevereiro de 2024, mas também não aconteceu. Um outro atestado médico indicava que o advogado de defesa estava com dengue.
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