O volume de mensagens virais com predominância da narrativa da direita saltou de quase 60% entre quarta e quinta-feira (10) para cerca de 90% de quarta a esta sexta.
Segundo Felipe Bailez, economista e CEO Palver, com esse patamar a direita normaliza a situação. "Esse é o normal. É mais ou menos isso que acontece na maioria dos temas. Em um momento normal, haverá, no WhatsApp, um grande domínio da direita sobre as narrativas. Isso é o esperado entre as mensagens virais."
O que não é esperado é a esquerda vencer nas conversas orgânicas. Como mostrou a Folha, a narrativa da esquerda predominou nas conversas mais espontâneas, quando há interação entre usuários, e conseguiu vincular o anúncio da tarifa ao bolsonarismo. A vantagem se mantém, mas diminuiu.
Bailez acredita que está havendo uma tendência de virada. A direita "ligou a máquina", com disparos e coordenação de mídia, e o reflexo está sendo sentido nas conversas cotidianas. No fim, há quase um domínio completo da direita nas mensagens virais, enquanto a esquerda perde espaço nas conversas orgânicas, diz ele.
"Encontraram o discurso", afirma o economista. "O discurso que eles estão utilizando para disputar é aquele de culpar o governo. Eles estão se fazendo de vítimas agora. Em vez de comemorar, estão falando: 'É uma situação horrível, que pena que o governo está nos deixando nessa situação'."
O discurso pró-Lula, por outro lado, expressa orgulho da postura combativa do presidente frente ao homólogo americano e acusa Bolsonaro de traição por ter provocado as imposição de tarifas. Há também quem veja as medidas como uma consequência dos ataques à soberania brasileira, o que reforça a imagem do petista como defensor do país.
O relatório aponta para mensagens com alto teor emocional, com linguagem agressiva, memética ou sarcástica. Termos como "ladrão de nove dedos", "nazifascista", "mito das joias", "pelego dos EUA" e "bananinha" aparecem com frequência, bem como o uso de risos e emojis para ridicularizar o adversário.
Bailez, da Palver, diz não ser possível dizer que vai haver uma virada. "Pode ser que essa tendência continue ou pode ser que se estabilize. Pode ser que as opiniões das pessoas estejam rígidas, que elas não estejam gostando do que está acontecendo do ponto de vista da narrativa da direita e se mantenham firmes na posição delas."
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