Numa verdadeira aventura científica pelos confins da Amazônia, pesquisadores desbravaram o alto rio Acre e encontraram um tesouro pré-histórico digno de filmes de exploração: o fóssil de uma tartaruga gigante de água doce, a maior já registrada no planeta. A descoberta foi feita em 17 de junho, no município de Assis Brasil (AC), dentro da Terra Indígena Cabeceira do Rio Acre, durante expedição na isolada região de Boca dos Patos.
O achado impressiona pelo tamanho: a carapaça da espécie Stupendemys geographicus tem 1,80 metro de largura e um comprimento estimado de 2,40 metros. O fóssil foi encontrado em sedimentos que datam de cerca de 9 milhões de anos, no período Mioceno Superior. A espécie já havia sido registrada na Venezuela, mas esta é a primeira vez que aparece no território brasileiro, e justamente no coração da floresta.
"É um marco para a paleontologia da Amazônia", afirmou o paleontólogo Edson Guilherme, coordenador do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas (LPP) da Universidade Federal do Acre (Ufac). “Só havia registro de uma carapaça semelhante na Venezuela. Agora temos uma aqui no Acre.”
A jornada, realizada por equipes da Ufac em parceria com pesquisadores da USP e da Unicamp, integra o projeto Novas Fronteiras no Registro Fossilífero da Amazônia Sul-Ocidental, parte da Iniciativa Amazônia+10. O fóssil será transportado para Rio Branco, onde passará por análise detalhada e depois ficará em exposição no LPP da Ufac.
A carapaça colosso encontrada entre os rios e as árvores de Assis Brasil revela não só o poder das águas pré-históricas amazônicas, mas também o potencial científico ainda escondido sob as camadas do solo da floresta.
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