A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve como consequência uma unificação dos bolsonaristas, campo que estava abalado desde a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% em produtos brasileiros.
Agora a estratégia de aliados do ex-presidente será de ampliar a pressão contra o Supremo no Brasil e nos Estados Unidos - onde o filho do ex-presidente e deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem atuação próxima à Casa Branca.
Uma das principais justificativas para fortalecer o campo novamente em torno do líder foi a proibição determinada por Moraes de que o ex-presidente fale com Eduardo, também investigado no caso sob acusação de atuar contra a soberania brasileira.
"Vamos enviar oficialmente um pedido ao Hugo Motta [presidente da Câmara] pelo retorno das atividades parlamentares. Vamos incluir no ofício o pedido [de pautar] a anistia e a PEC. Tenho convicção que, se pautar, aprova rapidamente a PEC", disse à Folha.
Sóstenes afirmou ainda que as determinações do magistrado nesta sexta unificam de novo a direita e até mesmo o centrão.
O deputado apontou que há insatisfação do centrão com Moraes também, por ter suspendido a decisão dos parlamentares de derrubar o decreto de Lula (PT) que aumentava o IOF.
Na tarde de sexta-feira, tanto o presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), como o presidente do Senado e do Congresso, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), confirmaram a manutenção do recesso parlamentar.
Contrariando parlamentares bolsonaristas ?como o presidente da Comissão de Segurança Pública, Paulo Bilynskyj (PL-SP), que tinha convocado para a próxima terça-feira (22) uma reunião extraordinária para uma moção de apoio ao ex-presidente?, Motta vetou, em sua manifestação, qualquer votação ou reuniões em comissões permanentes da Casa.
Além disso, os bolsonaristas querem ampliar os atos em apoio ao ex-presidente. A estratégia ainda será desenhada.
Internacionalmente, Eduardo Bolsonaro estava se isolando e sofrendo críticas internas diante da atuação nos Estados Unidos. Mas agora há expectativa de aliados do ex-presidente de que ele trabalhe mais intensamente para a aplicação de sanções contra Moraes.
À Folha, o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), disse que o "Congresso precisa reagir, porque já o fecharam".
Os deputados e senadores que participaram da reunião soltaram uma nota após o encontro. A nota classificou a ação de Moraes como "grave episódio de perseguição política disfarçada de ação judicial". Também pediu atuação do Parlamento.
O texto pede ainda que "o povo volte às ruas, de forma pacífica e ordeira". "Nenhuma toga está acima da lei. Nenhum cargo autoriza a perseguição", afirma.
Para evitar que haja algum ruído com as cautelares do STF, que incluem proibição de contato de Bolsonaro com outros investigados, o ex-presidente não participou da reunião.
"O que não temos hoje no país é uma democracia real. Há exilados políticos, há jornalistas perseguidos. O que estamos dizendo aqui é que a sociedade, onde se inclui a imprensa, onde se incluem também as Forças Armadas, precisa olhar para o que está acontecendo, porque o mundo está atento. E não apenas os Estados Unidos", afirmou o senador Carlos Portinho.
Na ocasião, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que Michelle Bolsonaro atuará como porta-voz do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Bolsonaro vai se calar e quem vai nos conduzir neste momento é a maior líder da oposição [Michelle], a maior líder da nação conservadora. Somos mais de 50% da população brasileira e eu quero falar com as mães, as mulheres, as donas de casa que nós vamos nos unir em solidariedade a uma dona de casa que se tornou a maior líder dessa nação", disse Damares.
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