Donald Trump não citou o nome de Jair Bolsonaro (PL) no telefonema desta segunda-feira (6), de cerca de 30 minutos, com Lula (PT), apesar de o julgamento do ex-presidente no STF ter sido um dos argumentos usados pelo governo dos EUA para aplicação de sanções contra o Brasil.
A relação amistosa entre o presidente americano e o brasileiro foi minimizada por bolsonaristas, que buscaram destacar o que apontam um revés político para Lula: a indicação do secretário de Estado, Marco Rubio, da ala mais ideológica do governo Trump, para a continuidade das negociações.
Na conversa, Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço imposto pelo republicano ao Brasil. O petista também solicitou que Trump suspenda "medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras" -o republicano cassou vistos de auxiliares de Lula e autorizou sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O bolsonarista Paulo Figueiredo, parceiro do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) na ofensiva por sanções de Trump, minimizou os impactos da ligação entre os dois presidentes. Em publicação na rede social X, disse que "a luz no fim do túnel é um trem"."Trump colocou MARCO RÚBIO para NEGOCIAR com o Brasil. Zero de avanço! O grau de desconexão com a realidade é patológico", escreveu.
Figueiredo também repostou análise do jornalista Brian Winter que classifica Rubio como "um cético de longa data em relação a Lula". O texto diz ainda que o secretário de Estado pode "insistir em demandas relacionadas à Venezuela, China e muito mais".
O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten fez uma comparação irônica com a indicação do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) para ser o relator do projeto de anistia, rebatizado posteriormente como projeto da dosimetria das penas.
"A indicação por parte do governo [Donald] Trump do secretário Rubio para que ele seja a interlocução com o governo brasileiro tem exatamente o mesmo poderio que indicar Paulinho da Força e Aécio [Neves] para aprovação da anistia", afirmou.
"Aguardem as cenas dos próximos capítulos, peguem a pipoca", acrescentou.
No final, os dois presidentes trocaram seus números de telefone para que possam se falar sem intermediários. No telefonema, Trump e Lula falaram até do vigor físico.
Já de início, Lula comentou estar prestes a completar 80 anos, sendo seis meses mais velho que Trump. O presidente americano disse ter vigor de 40 anos, segundo relatos. Lula, por sua vez, afirmou ser movido por uma causa.
Crítico da ONU, Trump reclamou, em seu discurso na Assembleia, até mesmo da escada rolante, que não funcionou quando ele e a primeira-dama dos EUA, Melania Trump, tiveram que usá-la.
Ainda segundo relatos, Lula pediu que as sanções fossem suspensas para que possam negociar a partir do zero. O americano teria respondido que submeterá a proposta a seu secretariado.
Ainda segundo o comunicado, Lula se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos e encontrar-se com Trump.
"O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos", afirmou o Palácio do Planalto.
Comentários: