A região administrativa de Bauru registrou, em 2024, o menor número de nascidos vivos desde o início da série histórica do Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade), iniciada em 2000. Foram 11.099 registros nas 39 cidades de abrangência da regional, uma queda de 30% na comparação com 24 anos atrás. O número já vinha decrescendo com o passar dos anos. Em 2023, por exemplo, ele foi de 12.284.
A redução acompanha a queda da taxa de fecundidade, que mede o número médio de filhos por mulher. Na região, o índice caiu de 2,08 em 2000 para 1,43 em 2024. O valor está abaixo do nível de reposição populacional (2,1) - o mínimo necessário para manter estável o tamanho da população.
Segundo a analista do Seade, Lúcia Mayumi Yazaki, fatores sociais e econômicos ajudam a explicar a mudança. O aumento da escolaridade feminina, o adiamento da decisão pela maternidade e os custos associados à criação dos filhos levaram famílias a optar por menos descendentes.
O envelhecimento populacional é outra consequência direta da queda do número de nascimentos. Em 2000, 7,5% dos habitantes da região tinham mais de 65 anos. Em 2025, a proporção chega a 13%. Para 2040, a estimativa é que quase 20% da população regional esteja nessa faixa etária.
O impacto se reflete no futuro da economia e dos serviços públicos. Com menos jovens ingressando no mercado de trabalho, haverá menor disponibilidade de mão de obra e maior pressão sobre serviços como previdência e saúde.
"O índice de dependência [relação entre pessoas em idade ativa e dependentes, como idosos e crianças] tende a crescer, porque a população idosa aumenta e depende do sustento da população ativa", disse a analista. "Mesmo que o número de nascimentos se estabilize em torno do patamar atual, a população ativa futura será menor do que a das gerações anteriores", complementa.
A queda acompanha o movimento observado em todo o Estado de São Paulo, que contabilizou menos de 500 mil nascimentos em 2024. Cerca de 230 mil a menos do que em 2000, alcançando o menor patamar.
Os dados revelam ainda uma tendência de queda persistente que se intensificou a partir de 2018 e foi acelerada pela pandemia de Covid-19. Para se ter ideia, somente entre 2019 e 2024, a redução do número de nascidos vivos na região de Bauru foi de 15%.
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