No domingo de dia dos pais, o técnico Abel Ferreira, que tanto gosta de falar de sua família, deixou a sala de coletivas do Allianz Parque com a decepção estampada no rosto. Em campo, o Palmeiras havia vencido o Ceará de virada por 2 a 1, mas a causa do sentimento estava muito além das quatro linhas.
"Apesar de ser dia dos pais, estou muito... Temos uma história juntos, eu e o Palmeiras, eu e os 20 milhões de torcedores do Palmeiras. Chegar em casa e suas filhas te perguntarem porque os torcedores do Palmeiras estão te xingando... É difícil explicar a elas porque nem eu mesmo sei explicar", disse o técnico alviverde.
Abel acusou o golpe de uma semana dura. Não foram só os xingamentos e as críticas, que ele vê como infundadas, mas também o atentado... A somatória era o que o rosto do português estampava.
Após a entrevista, comentei com um dos profissionais do Palmeiras: "Abel parece decepcionado". A resposta dele não veio em palavras, mas foi clara: seu rosto formou a mesma expressão do treinador depois da entrevista. Como quem diz: e poderia ser diferente?
O atentado da madrugada ganhou ecos no Allianz Parque. Logo na chegada, faixas de protesto criticavam diretoria, presidência, pediam a saída de Abel e ameaçavam: "Calma é o caralh... Acabou a paz". Quando a organizada entoou tais afirmações, foi vaiada pelo restante do estádio.
O torcedor comum, porém, também não estava em seu melhor estado de espírito. O Allianz não foi o caldeirão que costuma ser nem mesmo nos primeiros 15 minutos. As vaias endereçadas à organizada foram a única manifestação até o pênalti que empataria o jogo já no segundo tempo.
Em campo, o time também não fez muito para mudar o cenário das arquibancadas. O Palmeiras não fez um bom jogo, mas conseguiu a virada com Flaco López sendo decisivo com gol de pênalti e bom passe para o segundo.
A virada, porém, não acarretou efusivas comemorações como outrora. A música do time da virada ecoou após o sistema de som incentivar, sim, mas durou pouco. Após o apito final, aplausos tímidos e rápidos de um público menor do que o Palmeiras estava acostumado a ver no Allianz, pouco mais de 27 mil presentes.
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