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Maria Lucia

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Comissão do Senado deve avançar com projeto que acaba com saidinha de presos

Benefícios são concedidos pela Justiça, entre outros requisitos, a presos do sistema semiaberto que já tenham cumprido ao menos um sexto
Comissão do Senado deve avançar com projeto que acaba com saidinha de presos

Agência Brasil

Segundo interlocutores, os senadores querem cacifar em cima da proposta por ser ano eleitoral
Segundo interlocutores, os senadores querem cacifar em cima da proposta por ser ano eleitoral

A Comissão de Segurança Pública do Senado está prestes a avançar no projeto que propõe o fim das saídas temporárias de presos em datas comemorativas - as chamadas saidinhas.

Os benefícios são concedidos pela Justiça a presos do sistema semiaberto que já tenham cumprido ao menos um sexto da pena, no caso de réu primário, e um quarto da pena, em caso de reincidência, entre outros requisitos.

 

O texto está sob relatoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que pretende manter a proposta da Câmara dos Deputados. Ela acaba com todas as hipóteses de saída no semiaberto, até mesmo para trabalhar e estudar, um direito garantido há quase quatro décadas pela Lei de Execuções Penais.

O projeto também prevê o exame criminológico - que abrange questões de ordem psicológica e psiquiátrica - como requisito para a progressão de regime.

 

Uma nova proposta, porém, foi apresentada pelo senador Sergio Moro (União-PR). O parlamentar foi escalado pelo presidente da comissão, Sérgio Petecão (PSD-AC), para tentar minimizar os impactos da proposta de Flávio.

O texto de Moro tenta ser uma alternativa ao do relator do projeto. A nova redação continua colocando fim para as saidinhas em datas comemorativas, mas mantém a autorização para estudar e trabalhar fora do sistema prisional.

 

Atualmente, a legislação nega o benefício a indivíduos condenados por crimes hediondos com resultado de morte. A nova proposta busca estender essa restrição também aos casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça.

Moro propõe que, quando a autorização for concedida para ida a curso profissionalizante, de ensino médio ou superior, o tempo de saída seja o necessário para o cumprimento das atividades.

 

Na semana passada, Moro conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O chefe da Casa já havia sinalizado que poderia incluir o projeto na pauta do plenário após a morte de um PM mineiro. O sargento Roger Dias da Cunha, 29, morreu no dia 7 de janeiro em Belo Horizonte após ser baleado durante perseguição a um suspeito que, segundo a polícia, estava em saída temporária.

 

"O presidente Pacheco está acompanhando com atenção esse PL [projeto de lei]", disse Moro à reportagem. "Todos, Petecão, Flávio e outros, buscamos uma forma de avançar para um consenso. Com todos [isso] foi conversado."

Apesar da pressão do eleitorado, senadores que integram a base do governo ainda veem espaço para tentar barrar o PL. Uma proposta alternativa foi protocolada pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), vice-líder do governo, com apoio de integrantes da equipe do ex-ministro da Justiça Flávio Dino.

 

O projeto que acaba com as saídas temporárias foi aprovado pelos deputados em 2022, por 311 votos a favor e 98 contra.

Petecão afirma que tem buscado dialogar com os colegas para evitar a "explosão" do sistema penitenciário. Segundo ele, a ideia de acabar com as saídas temporárias é praticamente unânime na comissão.

 

Flávio Bolsonaro não respondeu aos questionamentos da reportagem. Temas como a saidinha e as câmeras corporais de policiais são alvo de críticas por parte de bolsonaristas.

Segundo interlocutores, os senadores querem cacifar em cima da proposta por ser ano eleitoral.

Como mostrou a Folha de S.Paulo em janeiro, menos de 5% dos detentos que tiveram direito à saidinha de Natal em 2023 não retornaram aos presídios no Brasil, taxa considerada baixa por especialistas.

 

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, defendeu as saídas temporárias de detentos em entrevista à Folha de S.Paulo. Ele será nomeado como novo secretário da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) na gestão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

"Os índices demonstram com muita clareza que o número de presos que não retornam na saída temporária é ao redor de 4%, portanto não acho significativo", disse Sarrubbo na entrevista.

 

Ele defendeu, porém, o aprimoramento da lei. "A gente precisa ter um olhar muito cuidadoso porque existem fatos que são graves que nos tocam demais, como o assassinato de um policial em Belo Horizonte por um criminoso que estava em saída temporária."

Fonte(s): Jcnet

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